‘O Canto dos Escravos’ está de volta, em CD
O trabalho, original de 1982, reúne Clementina de Jesus, Geraldo Filme e Tia Doca, que interpretam cantigas ancestrais dos negros benguelas, de São João da Chapada, em Diamantina, Minas Gerais .
Um dos títulos mais importantes e corajosos da fonografia brasileira acaba de chegar, 21 anos depois do lançamento em elepê, ao formato digital. Trata-se de O Canto dos Escravos (dentro da série Memória Eldorado), coleção de 14 cantos da série recolhida por Aires da Mata Machado Filho no fim dos anos 20 do século passado, em São João da Chapada, município de Diamantina, Minas Gerais. Interpretando os cantos, Tia Doca, pastora da Velha Guarda da Portela, Geraldo Filme, um dos nomes fundamentais do samba paulistano, e Clementina de Jesus, a rainha negra da voz, como a definiram Moacyr Luz e Aldir Blanc.
O projeto do disco e a coordenação artística são de Aluísio Falcão, colaborador do Caderno 2, e a direção musical e produção ficaram a cargo de Marcus Vinicius de Andrade, hoje diretor artístico da gravadora CPC-Umes.
Marcus Pereira era um publicitário amante da música que criou o selo Ambos trabalharam, antes, no selo Marcus Pereira, que, pioneiramente, levou a cabo um levantamento sonoro da música da cultura popular de diversas regiões do Brasil – trabalho, aliás, que ainda não mereceu relançamento em CD à altura de sua importância. para dar brindes aos seus clientes, nos fins de ano. Aos poucos, abandou a rendosa publicidade, na qual era muito bem-sucedido, e ficou só com a gravadora, que viveu sempre grandes dificuldades financeiras. Problemas de distribuição, comum a todos os selos alternativos, projetos caros, como o citado mapeamento da cultura popular, com deslocamento de equipes e equipamento para praças distantes.
Não tinha preocupação comercial e tinha muita preocupação com a cultura. Os que se juntaram a ele tomaram o exemplo e, posteriormente, em outros selos, deram, de alguma forma, prosseguimento ao seu trabalho, eventualmente, ampliando-lhe o universo. A Eldorado tinha e tem, sim, orientação comercial, mas com extremo cuidado na seleção de seus títulos (Cartola, Nelson Sargento, Geraldo Filme, Adoniran Barbosa fizeram suas estréias em disco por ela), e sua iniciativa mais ousado terá sido esse O Canto dos Escravos, que há muitos anos estava fora de catálogo e era objeto de disputa entre colecionadores, estudiosos e amantes da cultura brasileira.
O filólogo, filósofo, professor de Filologia Românica da Universidade Federal e da Universidade Católica de Minas Gerais, historiador, jornalista, presidente, durante muito tempo, da Comissão Mineira do Folclore, foi um pioneiro em muitas frentes. Escreveu, nos anos 30, já que sofria de deficiência visual, uma Educação de Cegos no Brasil, e publicava, no jornal O Estado de Minas, uma coluna semanal com lições de ortografia e gramática, além de responder às dúvidas dos leitores.
Carlos Drummond de Andrade escreve-lhe uma homenagem em forma de poema, louvando o “mineiro ladino/ Que captou na fala do povo/ No mistério dos ritos/ no arco-íris das serras/ O ar, a alma de Minas”.
Em férias, em 1929, o filólogo viajou para São João da Chapada, onde lhe chamaram a atenção “umas cantigas em língua africana ouvidas outrora nos serviços de mineração”, conforme descreveu no livro O Negro e o Garimpo em Minas Gerais, obra publicada em 1943 pela editora José Olympio.
Vissungos – Tais cantos são chamados vissungos, palavra que vem do umbundo ovisungo (cantiga, cântico), conforme ensina Nei Lopes em seu Dicionário Banto do Brasil. Já era plano de Aires da Mata Machado recolher os vissungos e reunir o vocabulário e a gramática da língua dos negros benguelas. Teve pouco êxito na primeira investida; na
segunda, ele e seu colaborador Araújo Sobrinho ouviram de um Seu Tameirão 200 palavras e algumas cantigas; adiante, surgiram outros cantadores que sabiam letra, música e tradução.
Mata Machado sustenta a importância dos vissungos, sua influência nos começos daquelearraial e mais “os vestígios da língua das cantigas na linguagem corrente, na onomástica e na toponímia” – os vestígios de um um dialeto banto num tempo em que se pensava que a língua dos negros trazidos como escravos para o Brasil resumia-se ao nagô.
Ele defendia que os estudos da dialetologia brasileira e questões que dissessem respeito à etnografia seriam sempre provisórios se não fosse considerada a importância de Minas Gerais – e o tempo encarregou-se de mostrar seu acerto. O texto de introdução de O Negro e o Garimpo em Minas Gerais vai reproduzido no CD; o autor autorizou essa reprodução e a gravação de 14 dos 65 cantos que recolheu e partiturou. Autorizou, ainda, a reprodução das notas que, no livro, acompanham as letras dos cantos, traduções do dialeto dos benguelas e observações sobre o sentido dos textos. O dialeto, já modificado, incorporava palavras em português e misturava as duas falas: “São João foi no céu, é dévera/ São João foi no céu, é mentira/ Omenhá, omenhá rossequê”, canta a voz ancestral de Clementina de Jesus, nascida em Valença, no Estado do Rio, mas de família que migrou de Minas, no Canto XII. Os cantos não têm títulos, são numerados.
O disco, de uma beleza crua, não tem instrumentos harmônicos. Acompanham os três cantores a percussão de troncos, xequerês, enxadas, cabaças, atabaques, agogôs, ganzás, caxixis e afoxés tocados por Djalma Corrêa, Papete e Don Bira.
Os intérpretes são figuras de sabida importância na divulgação e sustentação da cultura brasileira de origem africana. Geraldo Filme, grande compositor, cantor de vozeirão profundo, foi, na definição de Osvaldinho da Cuíca, o grande articulador, a “cabeça pensante” do samba paulistano. Tia Doca, nascida Jilçaria Cruz Costa, manteve por décadas um pagode dominical que ajudou a manter vivo o samba de raiz carioca; sua participação no disco foi sugerida por Clementina de Jesus, que foi revelada ao mundo aos 64 anos, depois de ouvida, num botequim da Lapa, centro do Rio, por Hermínio Bello de Carvalho.
Paulo Eduardo Neves
Fonte: Agenda do Samba & Choro, o boteco virtual do samba e choro
Faixas:
1-Canto I (Folclore)
2-Canto II (Folclore)
3-Canto III (Folclore)
4-Canto IV (Folclore)
5-Canto V (Folclore)
6-Canto VI (Folclore)
7-Canto VII (Folclore)
8-Canto VIII (Folclore)
9-Canto IX (Folclore)
10-Canto X (Folclore)
11-Canto XI (Folclore)
12-Canto XII (Folclore)
13-Canto XIII (Folclore)
14 -Canto XIV (Folclore)
Preciso saber como adquirir o LP ou CD de título “O canto dos escravos”.
Tenho certa urgência nisso, para compor sonoplastia de trabalho de peça teatral que fala sobre a história do negro no Brasil.
Agradecido!
Doner
Olá queria uma musica afro brasileira, estamos apresentando em um grupo e presciso de uma musica afro brasileira se vcs poderem me enviar com rapidez agradeço.
obrigada
tambem estou procurando,se voce encontrar me mande um E-mail
Que pena, diz que o link não é válido.
pessiso de musicas para um trabalho de Hitória
preciso saber como adiquirir o dvd o canto dos escravos. tenho certa urgencia para compra trabalho em um projeto de percursao onde esinamos a construir tocar dancar ecantar. este projeto tem como objetivo buscar acultura afro brasileira. muito obrigado .wander
Lindo
lindo
lindo
Tenho uma frota de navios, batizei uma das naus com o nome de Clementina de Jesus, aqui o link
http://josecarloslima.blogspot.com/2009/02/sexta-feira-36-de-marte-de-2009-nc-nau.html
Gostaria de saber como adquirir o CD de título “O canto dos escravos”. Sou professor de história e gostaria de trabalhar com meus alunos o tema escravidão sobre a ótica do escravo, via musicalidade.
Pessoal, o Canto dos escravos saiu em cd ano passado. De resto, o trabalho é espetacular. Eu adorari poder juntar a ele, cantos recolhidos em Macapá nos remensecentes de quilombos de lá que recolhi em 2004
abraço a toods
OLÁ, GOSTARIA DE SABER A LETRA DE ALGUMAS M´´USICAS DE AIRES DA MATA MACHADO, QUE É SOBRE OS NEGROS COMO CONSIGO
REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA!
Viva! Chàvez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
Movimento Chàvista Brasileiro- Ações Afirmativas Afro –Ameríndia *Quilombismo *
A comunidade negra afros-decendentes brasileira
é solidaria e apóia o povo palestino Viva a Palestina!
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio 2008 dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc. Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma, Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a, Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Fidel ,Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
Tentem baixar nesse link: http://www.4shared.com/get/110895512/28773665/Geraldo_Filme_1982_O_Canto_dos_Escravos__Doca_e_Clementina_de_Jesus_.html;jsessionid=7DFD31F83864CB29EB4B9F481DF58F1F.dc113
gostei do bolg muito legal!!!!!
Adorei o seu blog e toda a rica pesquisa que vc faz! Parabéns! Quando puder conheça o meu blog. http://afrocorporeidade.blogspot.com
Denise. Axé!
Oke aro! Atoto!
Pessoal a forma mais barata e simples de conseguir o cd o Canto dos Escarvos é através do site de dowloads gratuitos http://www.4shared.com.
Basta abrir o site e colocar no mecanismo de busca a expressão ‘clementina de jesus.rar’
e aí vai aparecer uma série de cds da adorável sambista Clementina de Jesus.
Um abraço e boa audição que o disco é impressionantemente forte e belo!
eu preciso das letras de algumas musicas pd ser qualquer um alguem pode me ajudar?
yo!! nossa gente e nossa musica e riquissima, e merece sempre ser focada em todos os ambitos da midia, para q as futuras geracoes nao se esqueca desses VALORES AFROS q se estende de geracoes em geracoes,nossa musica e universal e influencia… vlw tamus junts muita paz.
Coisa linda esse seu site. Sensacional
Estou adorando o Blog, é delicioso! Parabéns pelo trabalho cultural que faz(em). Gostaria de baixar o álbum “o canto dos escravos”, será que possuem outro link que esteja quebrado?
Axé!
*que não