A cantora baiana Virgínia Rodrigues converte o samba em clássico e faz sucesso fora do Brasil
A história da cantora baiana Virgínia Rodrigues ficou tão conhecida internacionalmente que os jornalistas americanos a apelidaram de Cinderela brasileira. Ela calha à personagem da fábula: nasceu há 39 anos em Salvador, cresceu em uma favela, abandonou os estudos aos 12 anos e trabalhou como cozinheira e manicure. Seus pais, religiosos, levaram-na à igreja ainda criança. Ali, aprendeu a cantar de ouvido e passou a se apresentar em missas e casamentos. Quando já se conformava com o destino, veio o príncipe encantado. Era um conterrâneo: Caetano Veloso. O compositor descobriu-a há nove anos, contratou-a para o casting de sua gravadora, a Natasha, investiu na moça e a converteu em diva da MPB. Felizmente, o fenômeno não virou abóbora à meia-noite. Virgínia chega ao terceiro CD, Mares Profundos, coroada pelo sucesso no Exterior – embora ainda seja desconhecida em sua terra natal. Borralheiras não fazem milagre em casa.
Lançado em janeiro nos Estados Unidos, Mares Profundos chega ao Brasil nesta semana, com edição simultânea na Europa. O selo do álbum é o prestigioso Edge, da gravadora alemã Deutsche Grammophon, a mais tradicional da música erudita. A produção, claro, é de Caetano. O repertório é venerável: 11 afro-sambas compostos entre 1962 e 1966 pelo violonista Baden Powell (1937-2000) e pelo poeta Vinícius de Moraes (1913-1980). O programa fecha com o samba ‘Lapinha’ (Baden-Paulo César Pinheiro).
O CD apresenta uma evolução em relação aos primeiros trabalhos – Sol Negro (1997) e Nós (2000), ambos com boa recepção da crítica, mas marcados por certo exibicionismo endereçado a estrangeiros. Virgínia agora atinge a maturidade. Abandona floreios e indecisões para abraçar a técnica erudita. Seu disco pode ser ouvido como homenagem aos afro-sambas e profissão de fé na interpretação clássica. Ela inova ao abordar os sambas como crossover, o encontro do popular com o erudito. Isso num ano em que o mercado clássico murcha. A cantora tenta salvar a música erudita pelo samba. Obviamente, não consegue, mas produziu um belo álbum.
Acompanhada por um grupo de câmara em que estão presentes violão e percussão brasileiros, ela dá conta das composições. Sua voz de meio-soprano é precisa, e mergulha nas modulações e no conteúdo dos versos. Falta-lhe, talvez, uma dose maior de espontaneidade. Em muitos momentos ela soa como cantora de coral. Mas seu estilo não destoa do toque erudito que Baden e Vinícius imprimiram aos afro-sambas escritos sob o impacto do candomblé. A coleção põe em fusão bossa nova, jazz e atabaques. Essas músicas marcaram a MPB dos anos 60. Foi então que ‘Canto de Ossanha’ e ‘Berimbau’ se consagraram na voz de Elis Regina. Na de Virgínia, tornam-se árias delicadas, dignas de palcos de ópera e altares.
É um repertório difícil. Baden, com seu timbre de corda estalada, gravou-o mal no fim da carreira, e Mônica Salmaso iniciou a sua em 1995 enfrentando a coleção em alto estilo. A cantora baiana arriscou outro rumo, revelando a dimensão sagrada dos afro-sambas. Mantém o encanto que exibia nos tempos de principiante, sem deixar de ampliar seus horizontes, do pop ao clássico. E não poderia prestar homenagem mais apropriada a uma das bíblias da canção brasileira.
Fonte: Revista Época
Agradecimentos ao Blog Compartilhe Candomblé MP3
Virgínia Rodrigues – SOL NEGRO (1997)
Faixas:
01 Verônica (Folclore)
02 Noite de temporal (Dorival Caymmi)
03 Negrume da noite (Paulinho do Reco – Cuimba)
04 Lua, lua, lua, lua (Caetano Veloso)
05 Adeus, batucada (Synval Silva)
06 Nobreza (Djavan)
07 Sol negro (Caetano Veloso)
08 Terra seca (Ary Barroso)
09 Manhã de carnaval (Antônio Maria – Luiz Bonfá)
10 I wanna be readt (American Spiritual)
11 Querubim (Carlinhos Brown)
12 Israfel (Edgar Allan Poe – Zuarte)
Som Negro para você!
Virgínia Rodrigues – NÓS (2000)
Faixas:
01 Canto para Exú (Folclore)
02 Uma história de Ifá (Ythamar Tropicália – Rey Zulu)
03 Salvador não inerte (Bobôco – Beto Jamaica)
04 Afrekêtê (Edil Pacheco – Paulo César Pinheiro)
05 Jeito faceiro (Jaupery – Pierre Onassis)
06 Depois que o Ilê passar (Miltão)
• Ilê é ímpar (ALuizio Meneses-Alberto Pitta)
07 Ojú Obá (Edil Pacheco – Paulo César Pinheiro)
08 Raça negra (Walmir – Gibi)
09 Deus do fogo e da justiça (Oswaldo)
• Deusa do ébano (Geraldo Lima)
10 Malê de Balê (Edil Pacheco – Paulo César Pinheiro)
11 Mimar você Gilson Babilônia – Alain Tavares)
12 Reino de Daomé (Tonho Matéria)
Virgínia Rodrigues – MARES PROFUNDOS
Faixas:
01. Canto de Pedra Preta (Black Rock’s Song)
02. Tristeza E Solidão (Sadness and Solitude)
03. Bocochê
04. Tempo de Amor (The Time of Love)
05. Canto de Iemanjá (Song of Yemanja)
06. Labareda (Burning Flame)
07. Canto de Xangô (Song of Shango)
08. Canto de Ossanha (Song of Ossain)
09. Lapinha
10. Consolação (Consolation)
11. Berimbau
12. Lamento de Exu
Demais!!!!!!!!!!!!!!
Virginia Rodrigues is incredible ….
por favor, se souber data de show de virginia rodrigues no rio de janeiro, informe.
janeiro de 2009.
grata.
Virginia Rodrigues, estrela do mar de sua Bahia, aquela que canta e encanta quem a escuta, “Seu jeito faceiro” à de conquistar muitos céus mundo a fora, parabens.
Virginia, sou sua fã. Veja o seu retrato comigo no site:
Grande abraço. Angela
Falar algo de bom de Virginia Rodrigues, é chover no molhado, ou seja, não carece. Na verdade o que se precisa, não sei se vão ler isto!, É que os grande meio de comunicação tome vergonha na cara e mostre interpretes como ela, só assim vamos poder transpor a barreira que impera desde os anos 60.
Que tal o povo passar ouvir radios como Usp, Eldorado, Scala, Cultura, Bandeirantes em São Paulo e outras em outros Estados no mesmo nivel
Meu nome é Liberto Trindade, gosto do som universal de qualidade.
Um grande abraço a todos
oi, eu descobri essa cantora na radio… fiquei fã! Estou atras do cd NOS mas o link expirou… vc sabe onde consigo?
nosss que legal
NÓS (2000) link is gone 😦
E Caetano chorou…
E quem náo chora, ao ouvir a leveza de cantos que enunciam os Orixás na forma de Elementais, em pura energia, cuja ação vibratória repercurte em nossa Alma?
Ela apresenta em suas músicas a leveza do Ser!
Que pena conhecer tão maravilhoso trabalho somente agora…Que cantora…que voz!!!
Espero ainda assistir ao show desta grande interprete…e que ela seja mais divulgada em nosso Brasil sua pátria.
estou apaixonada pela voz dela.
cantando a noite de meu bem,
gostei mais do que na voz de Nana .apesar de ser apaixonada pela familia Caymi.
a descobri ouvindo Uol 25 anos do Ile Aiye.
Sou de Angra dos Reis RJ.
Bjs…..
ESSA DEUSA DE ÉBANO(COMO UMA DE SUAS MÚSICAS), ME FAZ ARREPIAR!
SE FOSE EM OUTROS PAÍSES SERIA ENDEUSADA, MAS COMO AQUI SO GOSTAM DE BUMBUM (CÉREBRO NEM PENSAR), NÃO É VALORIZADA COMO DEVIA!!
MIL AXÉS!!!
Maravilhosa !!! Divina!!!
Gostaria de saber como conseguir os seus discos